Meditações - Resenha crítica - Marco Aurélio
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Meditações - resenha crítica

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Espiritualidade & Mindfulness

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Meditations

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 048629823X, 978-0486298238

Editora: Edipro

Resenha crítica

Todas as coisas são planejadas e o Universo tem uma ordem bem definida

Existiram diversas escolas filosóficas durante a antiguidade, cobrindo inúmeros assuntos diferentes, desde a natureza até as reações humanas. No entanto, um aspecto central desses ensinamentos filosóficos antigos que passa por diversos tópicos, é o conceito do Logos.

Essa palavra, que pode ser traduzida como “razão”, foi aplicada por filósofos famosos como Heráclito e Aristóteles, e também tinha importância central para o autor Marcus Aurelius.

Sua visão era de que o Logos pode ser visto em qualquer lugar; ele compõe a terra, as árvores e até mesmo os seres-humanos. No entanto, o Logos não só dá forma a tudo; ele também dá ordem.

Para os seres humanos, isso significa que o Logos determina qual a posição das pessoas na sociedade, e como essas pessoas devem ser respeitadas. Então, é o Logos que decreta que os escravos devem ser tratados como tal, e que os imperadores devem ser tratados de maneira diferenciada.

Ele, a essência imutável da vida e o plano fundamental para todos os eventos, engloba o mundo todo. E, portanto, constitui a maneira ideal de ordená-lo. Na realidade, o Logos está trabalhando perpetuamente para mover o universo para a melhor direção possível.

Então, mesmo quando o autor passou por períodos difíceis em sua vida, ele manteve sua fé de que fazia parte de um grande plano do Logos, já que tudo que acontece é certo e ninguém deveria desejar mudanças. Portanto, mesmo quando a maioria de seus familiares faleceu e rebeliões desafiaram seu império, Aurelius se manteve firme em sua crença de que era tudo planejado.

Cada ser humano tem um propósito no Universo

Apesar de ser o imperador de Roma, Marcus se preocupava em entender quem ele era e o seu propósito no mundo. Ele lutava para cumprir seu papel político já que esse cargo entrava em conflito com a vida filosófica que queria ter. E ele também entendia que seu destino não era ser um filósofo em tempo integral, e que precisava cumprir seu propósito no mundo.

Ele fazia um exercício filosófico de tentar definir quem ele era. Mas não colocava ênfase particular em sua posição; ele atribuía valor igual para sua cidadania e profissão. Ele era um cara comum, tentando fazer o que era certo em sua vida até o dia de sua morte.

O líder de um dos impérios mais poderosos da terra insistia em ter uma identidade humana genérica, para manter a harmonia entre seu papel como cidadão do mundo e entre seu cargo de imperador.

Marcus enxergava o ser humano como uma criatura social que precisa participar de uma comunidade e do universo se quiser cumprir seu papel designado. Tentar lutar com o destino ou se separar das pessoas, é negar sua humanidade. A negação da natureza racional para ele era um pecado contra os deuses e contra seu próprio eu.

A morte é uma função necessária da natureza

Antigamente, a morte era um fato constante na vida – as taxas de mortalidade infantil eram muito altas e a média da expectativa de vida muito baixa. E como diversas coisas desagradáveis da vida, a morte era vista por Marcus como uma preocupação prática: é parte da natureza humana. Sem a morte, os seres humanos não poderiam contribuir devolvendo seus elementos básicos para a substância do universo, e o Logos não poderia se renovar.

Portanto, a morte só chega exatamente quando o Logos precisa que ela chegue. Afinal de contas, como o Logos tem um plano maior, não faz sentido ter medo das milhões de coisas que poderiam te matar. Então, se o autor estava destinado a morrer de câncer depois de velho, ou em uma guerra, ele não poderia fazer nada a esse respeito. Seria inútil ter medo de uma situação inevitável.

E além disso, ele sabia que até mesmo as melhores pessoas morrem. Então, quando o autor se sentiu oprimido pela morte, como quando ele perdeu sua esposa, ele se lembrou de que todo mundo morre eventualmente. Seja você um grande imperador, um filósofo, ou um valente gladiador, você precisa aceitar sua mortalidade, e não viver com medo dela.

Marcus tenta acabar com a imagem assustadora da morte ao concluir que ela não é nada demais. Sem envolver as emoções, ele consegue ver a morte como uma função necessária da natureza, como crescer ou envelhecer.

Marcus não é sentimental sobre o valor da vida humana ou sobre os relacionamentos e experiências da vida. Ele entende que as mesmas coisas acontecem em todas as gerações, e que não devemos atribuir valor para coisas passageiras e frágeis.

A liberdade da mente precisa ser protegida do mundo exterior

Marcus Aurelius se preocupava muito com a Liberdade pessoal a independência. Era um assunto que chamava muito sua atenção. Mas ele não está falando sobre uma sociedade democrática em seu livro, aqui ele aborda questões relacionadas à liberdade da mente.

O autor acreditava que a verdadeira liberdade não poderia ser alcançada a menos que você se isole em sua mente e se separe completamente dos desejos e preocupações do mundo externo.

Pode parecer incomum o fato de que um imperador romano se interessar por ideais democráticos como a liberdade pessoal, mas não se engane: Marcus acreditava na liberdade pessoal, mas dentro de uma hierarquia. A hierarquia natural das coisas no universo, reforçando uma crença de que seres inferiores devem servir e obedecer aos seres de ordens mais elevadas.

Marcus tenta demonstrar seus valores, e ele tenta deixar para trás os desejos e comportamentos terrenos, buscando alcançar um estado de desinteresse e independência. Para explicar melhor o que ele quis dizer com isso, vamos pensar em termos atuais: para Marcus, não ter o celular ou o computador da moda e não estar conectado o tempo todo, era uma coisa boa. Como você se sente quando está sem seus aparelhos eletrônicos? Provavelmente sente que está faltando alguma coisa. E o autor fala exatamente disso. Não podemos ser livres se somos dependentes de valores efêmeros e não de nossos princípios internos.

O objetivo do autor ao escrever o livro, era definir para ele um caminho de liberdade e autossuficiência. Apesar de ser o imperador Romano, ele estava lutando com os mesmos questionamentos de todos os seres humanos: o desejo de ter uma boa reputação, de ter sucesso e tranquilidade. Ele precisava se lembrar constantemente de que esses desejos perturbam sua mente – sua mente só quer ser independente e feliz em seu próprio mundo. Marcus trabalha duro para proteger sua liberdade interior contra as preocupações terrenas.

Ele também parece muito disposto a ser humilde e aprender com pessoas que possuem uma sabedoria maior. Ele era um bom aluno, e admite que não perderá nenhum poder e nem se abalará se precisar reconhecer seus erros sobre qualquer assunto. Ele também acreditava que podia escolher mudar seus caminhos e corrigir seus erros.

O autor expõe que a liberdade e a independência devem estar acima de tudo; os seres humanos foram criados no topo da hierarquia terrena e são as criaturas mais semelhantes aos deuses na terra. E se isso é verdade, você precisa aproveitar esse privilégio e se comportar de maneira apropriada.

Apesar de expor o tempo inteiro a importância da liberdade, Marcus também afirma que ela nem sempre é boa. Os homens precisam se lembrar de que existem regras a serem seguidas se quiserem ser livres. Esse é um importante paradoxo, mas a pessoa que sucumbe à sua liberdade e aos princípios da filosofia, se torna escrava do pecado.

O mal é a oposição ao bem

De acordo com o autor, o bem é o que é correto, o que é parte da sua natureza; e o mal é o oposto do bem. Todas as coisas são meramente o subproduto da ordem do universo.

Você só verá o mal se fizer julgamentos de valor sobre o que acontece com você – e se você acredita na filosofia Estóica, jamais agirá assim. O mal é a interpretação incorreta das coisas que acontecem, ou a realização de coisas contra sua natureza.

O autor acredita que uma pessoa que comete um erro, não é diferente dele. Ele entende que todas as pessoas são essencialmente as mesmas em dois pontos: todo mundo comete pecados ou erra em algum momento; e todo mundo tem razão. Ao aplicar seus princípios filosóficos, Marcus jamais ficaria nervoso com uma pessoa que erra com ele. Ele também sabe que sua mente está isolada do mundo exterior, então ele não se sente ofendido pelas atitudes de outro ser humano.

O objetivo do autor com sua filosofia é enxergar as coisas como são, para que aprenda a valorizá-las de acordo com suas naturezas. Ele também tenta ver a vida com um olhar desinteressado, sem fazer julgamento de valor nas situações, mantendo sua mente pura.

A percepção de errado e de mal perturba a mente e causa infelicidade. O autor tenta afastar a mente das coisas internas para que não julgue nada como bom ou ruim. E isso o ajuda a enxergar as coisas como são, sem suas emoções. Ele também sabe que cada pessoa tem uma chance de responder às situações com bom senso. E isso não acontece, a pessoa precisa lidar com isso sozinha.

O autor acredita que, precisamos aceitar as situações ruins do mundo como coisas que surgem do todo, e que de alguma forma cumprem o propósito do universo.

O autor fala muito sobre erros que cometemos, e a resposta que devemos ter com isso. Ele acredita que devemos ter empatia com as pessoas que erraram conosco. Você precisa entender a fonte de ignorância da outra pessoa e tentar remediar a situação. E como imperador, ele acreditava em reabilitação, e não em retaliação e vingança.

Marcus acreditava também que a dor podia escravizar a razão de um homem, já que a angústia podia controlar a mente. E a angústia pode ser ainda pior se o homem acreditar que sua dor tem um motivo – uma punição ou repreensão, por exemplo. Mas para o autor, a dor em si não tem poder de causar danos. Se a pessoa consegue manter sua dor no corpo, a mente permanecerá livre e pura.

E finalmente, o mal não existe em essência. Ele é o oposto do bem, da verdade e da justiça, de todas as coisas que tornam o homem livre em sua mente.

A vida não deve ser desperdiçada com preocupações inúteis

Qualquer um pode morrer a qualquer momento, seja de um ataque cardíaco, um acidente de carro ou de velhice. E como você não sabe quando sua morte vai chegar, é importante sempre ser o melhor que você pode.

Se perturbar com as coisas que você precisa fazer só vai tomar o tempo que você poderia gastar vivendo. Ninguém deve desperdiçar sua vida reclamado sobre a dificuldade da vida.

Por exemplo, embora o autor não gostasse de tribunais, ele sempre fez isso com alegria porque acreditava que não deveria gastar um momento em sua vida breve reclamado de suas responsabilidades. Afinal de contas, se o Logos precisava que ele gastasse um dia no tribunal, ele deveria fazer isso e não deixar que outras pessoas sofressem com suas reclamações ou com um tribunal inútil.

Mas além disso, como nosso tempo na terra é limitado, é essencial fazer o máximo que pudermos. Por exemplo, ao invés de ficar na cama até o meio-dia, o autor sempre tentou ser mais produtivo.

No entanto, embora ele odiasse pessoas que desperdiçavam seu tempo com conversas inúteis e argumentos superficiais no tribunal, ele reconheceu que esse era seu dever e que deveria servir ao grande plano do Logos para a vida dele, mesmo que isso significasse deixar com que outras pessoas desperdiçassem seu tempo. E nas ocasiões em que sentia vontade de desistir, ele só precisava se lembrar do seu papel como um imperador e participante do Logos.

Uma mente calma e analítica é melhor que uma mente dominada por desejos e sentimentos

O autor e a escola estóica de filosofia, do qual ele era um seguidor devoto, valorizavam a razão e a percepção lógica do mundo sobre todas as coisas. Portanto, eles consideravam que uma mente calma e analítica era melhor do que uma mente dominada por desejos e sentimentos.

Essa abordagem faz sentido, já que o Logos representa principalmente o governo através da razão e da ordem. O Logos é um sistema no qual tudo que acontece deveria acontecer, e por isso, é bom.

Por exemplo, se sua casa pega fogo, você poderia enxergar esse fato como um desastre porque todos os seus pertences se perderam – ou você poderia enxergar o fato como benéfico já que você poderia receber o dinheiro do seguro. Basicamente, a essência de qualquer evento depende de como você percebe esse evento.

Então, se você aceita a premissa de que o Logos tem boas razões para tudo que ocorre, você deve ver esse evento de maneira mais clara e aceitá-lo pelo que ele é: necessário para o bem maior. Talvez sua casa ter pegado fogo faça com que você se mude para um novo bairro, onde você vai conhecer a pessoa pela qual vai se apaixonar. Ou você pode utilizar o dinheiro do seguro para fazer uma mudança radical em sua vida e realizar uma viagem pelo mundo.

No entanto, é importante manter em mente que as emoções dos seres humanos são uma ameaça à razão. Na realidade, ser obcecado com a ideia de que você não tem sorte ou que tomar decisões baseadas em desejos carnais vai criar tanta confusão em sua mente, que você não será capaz de ver o Logos como a verdade que ele é.

E é por isso que o autor odiava ser levado por suas emoções como a vingança, o ódio, a luxúria e a paixão; manter sua mente calma e moderada foi essencial para que ele governasse com eficácia.

Então, sempre que ele se sentia sobrecarregado, ele meditava no Logos e em seu papel no grande plano. Fazendo isso, ele conseguia se lembrar do seu lugar no universo e encontrar sua calma.

O ser humano é inteiramente responsável por suas decisões

A Roma antiga estava cheia de perigos, especialmente para um imperador. Constantemente, pessoas poderosas eram vítimas de torturas, envenenamentos e injúrias em combates, ou veriam seus amados serem assassinados por inimigos.

O autor lidou com a dor causada por todo esse sofrimento ao manter sua crença de que experimentar a dor física ainda faz parte do bem maior do Logos. O plano que o Logos tem para o universo exige que as pessoas sofram como uma ordem natural das coisas.

Portanto, se alguém é torturado e morto, experimentando um terrível sofrimento pessoal no processo, isso ainda faz parte do grande plano das coisas, porque isso deveria ter acontecido.

Na realidade, o autor perdeu quase todos os seus 13 filhos durante a infância deles, e sua esposa também morreu muito jovem. Mas se lembrando de que todas as coisas acontecem por razões boas e lógicas, o autor foi capaz de se manter calmo durante essas dificuldades. Afinal de contas, como o Logos é sensato, qualquer coisa que aconteça é um bem necessário, e rejeitar esse destino não é natural.

Os seres humanos também são inteiramente responsáveis pelas decisões que tomam. Qualquer mal feito a uma pessoa por uma fonte externa, está além do controle dessa pessoa e, portanto, esse mal não pode prejudicá-lo.

Como o Logos é parte de todos os seres humanos, a única coisa que as pessoas podem fazer é aceitar o plano e seguir em frente sem reclamar. As reclamações desconsideram a lógica imortal do Logos que está dentro de cada pessoa, e impõem ainda mais dor a essas pessoas.

Notas finais

Você pode aprender três lições com Marcus Aurelius: a lógica nem sempre faz sentido, mas tudo acontece por um motivo; a vida é muito curta para gastar tempo reclamando; e a única dor que você vai sofrer, é aquela que você mesmo cria.

Só você pode decidir seu destino e suas atitudes. Entenda seu papel no mundo e busque cumpri-lo! E não deixe que outras pessoas atrapalhem seu caminho; se alguém for injusto com você, não se vingue, tenha empatia.

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Quem escreveu o livro?

Marcus Aurelius Antoninus Augustus (muitas vezes referido como "o sábio") era o imperador do Império romano de 161 a sua morte, em 180. Ele foi o último dos "Cinco Bons Imperadores", e também é considerado um dos mais importantes estóico filósofos. Suas duas décadas como imperador foram marcados pela guerra contínua próximo. Ele foi confrontado com uma série de invasõe... (Leia mais)

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